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As matrizes de Elsa, os olhos de Elsa
"Imagina o tronco. O tronco da árvore.
A horizontalidade do corte.
Depois as florescências concêntricas,
como tinta em papel poroso.
Os invisíveis vasos por onde
a selva corre (correu).
A árvore que desenha, sem o saber,
Um interior. O seu esplendor.
O que apenas o corte (a morte)
desvenda (ferida aberta).
O desenho do crescer da árvore.
Do saber da árvore.
Ou então da pedra. Ou do cristal.
O corte, o corte horizontal.
A pedra exposta, o seu desenho íntimo.
Colorir a árvore, o coração da árvore.
Ou da pedra. As entranhas da pedra.
Corações do mundo, matrizes do mundo.
O que os meninos, os homens
e os bichos habitam. Ainda habitam.
Também os corações e os lábios de
Elsa são árvores e pedras laminadas.
Escamas do mundo.
A hora do peixe. Um peixe num
mar de aguarela.
O mundo como um mar de aguarela."
José António Gomes