Município de Castro Daire


Espectáculo de Encerramento da Festa do Livro e da Leitura

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No encerramento da Festa do Livro e da Leitura o Auditório do Centro Municipal de Cultura recebe o espectáculo “a voz que não se ouve” do Teatro Regional da Serra de Montemuro, na próxima Sexta-feira, pelas 21 horas no Auditório do Centro Municipal de Cultura.

Este espectáculo é englobado no projecto da Câmara Municipal denominado de Saberes de Pais e Filhos tendo como tema desta edição as Varandas Típicas da Região.

Um serão de Partilha e Cultura em família que não vai querer perder.

 Participe!

Varandas floridas

 

Andam perfumes à solta

pelos ares da minha terra...

 

E visões silvestres de montes virgens,

pedregulhos seculares batidos pelo sol

que acolhe a brisa balouçando os acres giestais

e o rosmaninho misturado ao alecrim,

tojo amarelinho, sargaço e urze à espera

do tempo que se cumpre e abre a Primavera.

 

Andam perfumes à solta

pelos ares da minha terra...

 

E arcas abertas de enxovais de linho

e cheiros macios a lençóis corados

em estendais no chão com amor regados

na santa frescura das águas da fonte

e aromas a barrela e silvinha trepadeira

e ao tenro trevo que lhes borda a beira.

 

Andam perfumes à solta

pelos ares da minha terra...

 

E rumores-cristal de ribeiros que cantam

a canção do moinho em segunda voz

à surda cantilena solta do canastro

na primeira voz silvada do vento

em louvores ao homem que ali traz seu pão,

cantigas guardadas rente ao coração.

 

Andam perfumes à solta

pelos ares da minha terra...

 

Aromas com cores de montes silvestres,

jardins de aconchego, verdura de mimos,

cheirinhos a fruta, a sol, a frescura,

carinhos de orgulho nos ares lavados

em casas de xisto ou granito erguidas,

frontes enfeitadas, varandas floridas.

 

Varandas floridas por mãos solitárias

da pobre viúva que vive sozinha,

da mãe saudosa que perdeu seu filho,

da criança triste que já não tem pai.

Mãos que padecem de sede e fome,

mãos perdidas na vida, que a vida consome,

mãos que só na varanda repartem sua dor

com flores doutras mãos lembradas com amor.

 

Varandas floridas por mãos companheiras,

mãos soltas na terra revolvendo amor,

varandas às cores de tanto aconchego

que lembram salas de visita onde repousam

espargos, sardinheiras, ervilhas de cheiro,

dálias, rosas brancas, cedros pequeninos,

flores de cera, cactos e amores perfeitos.

As gentes que passam ficam bem cheirosas

só de apreciar varandas vaidosas.

 

Andam perfumes à solta

pelos ares da minha terra...

 

                                                                                             

                                                                                                          Aurora Simões de Matos